Poemas de Brecht a Weigel
POEMAS DE BRECHT PARA WEIGEL
(constam da biografia de Sabine Kebir)
Carta de Brecht a Weigel no final de dezembro de 1923:
1 – Segunda metade de dezembro
Forte monotonia
90% de nicotina
10 gramofone
Evidente falta de livros
Passagem do ano:
Vmos para Mahagonny
Preferida!
2 – H W
(do alemão :
Havary)
Havary significa algo como atingido, abalroado, a colisão de dois navios.
Poema a Weigel no Exílio, na fase de apresentações de Os Fuzis, na Suécia:
Os apetrechos de Weigel
Vejam aqui o banquinho e o espelho antigo
Diante do qual se sentava, sem papel no colo,
O lápis de maquiagem vejam, o minúsculo pote te ruge,
E aqui a rede que enredava como peixe-fêmea!
Mas vejam também agora, do tempo de fuga, a moeda sueca furada
De cinco centavos e o sapato gasto, a panela de latão
Onde ela cozinhava para as crianças
A tábua onde a massa era sovada!
Tudo com que ela lidou na felicidade e na tristeza
Objetos seus e dela, aqui estão expostos!
Oh, grande preciosidade, que nunca fez cerimônia!
Atriz e refugiada, serviçal e mulher!
Poema a Weigel na estreia de Antigone, de Sófocles, em Zurique, Suíça, após quinze ano de exílio:
Saia da penumbra e percorra
Diante de nós um tempo
Afável, com o passo leve
Dos determinados, terrível
Para os terríveis
Afastada, sei
Como temeste a morte, mas
Mais ainda temeste
A vida indigna
E nada perdoaste aos poderosos
E não te igualaste
Aos perturbadores, nem mesmo
Esqueceste o ultraje, mas a
Atrocidade não foi deixada para trás.
Salut!