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WEIGEL

07/10/2015 00:00

DETERMINADAS PESSOAS - WEIGEL

de Esther Góes e Ariel Borghi

 

 

 

A atriz Esther Góes reestréia o monólogo Determinadas Pessoas -- Weigel.  Escrita por Ariel Borghi e Esther Góes, a peça, indicada pela Revista Bravo como um dos melhores espetáculos de 2 008,  tem como tema a vida e a obra de Heléne Weigel -- atriz, militante política na Alemanha dos anos 20 do século passado, mulher do dramaturgo Bertold Brecht e uma das fundadoras do Berliner Ensemble. O espetáculo conta com participações especiais em vídeo dos atores Renato Borghi, Henrique Schafer, Eucir de Souza, e de Ariel Borghi, este último ao vivo. É a primeira vez que Ariel e Esther atuam juntos.

 

"Heléne Weigel foi uma verdadeira representante da geração dos anos 20, do século passado, que pretendeu mudar o mundo, inclusive o mundo das mulheres", diz Esther Góes. "Atriz magistral, revolucionou junto com Brecht a arte do teatro e com ele fundou o Berliner Ensemble, companhia que buscava o exercício de um teatro crítico, épico. Pensar o mundo a partir dos que estão embaixo, pensá-lo para todos e sem submissão, esse era o seu ideal."

 

Para Ariel e Esther, falar de Heléne Weigel hoje é uma forma de refletir sobre a utopia socialista vivida no século XX. "Cada época oferece os seus desafios", lembra a atriz. "Na deles, a violência mostrava abertamente sua face. Na nossa, parecemos envolvidos numa trama em que a realidade oculta seus propósitos e um sentimento de impotência parece nos assombrar. Esperamos que o espectador possa refletir sobre os fatos deste passado tão próximo, com alguma perspectiva histórica, e apossar-se deles através da personalidade de Heléne."

 

O Texto

Para escrever o texto da peça, diretor e atriz realizaram uma extensa pesquisa, que acabou levando Esther Góes à Alemanha, onde conheceu Sabine Kebir, biógrafa de Heléne Weigel. “No Brasil, não encontramos material suficiente para um registro consistente do perfil de Heléne”, lembra Esther. “Fui então a Berlim, em 2006. Lá pesquisei no Arquivo Brecht, que Heléne criou em sua própria casa. Conheci o Berliner  Ensemble e assisti a representações de “A Mãe e Mãe Coragem”. Estive ainda em Buckow, casa de campo dos Brecht, em cujo porão encontrei, emocionada, a carroça de Mãe Coragem. Por intermédio de um amigo,  conheci Sabine Kebir. Ela me presenteou com seu livro e as lacunas que havíamos detectado no Brasil se preencheram de fatos e de imagens.”

 

O material coletado em Berlim foi traduzido, em São Paulo, por três tradutoras simultâneas e a ele se somaram divesos vídeos e fotos. “Nós nos preocupamos  apenas em construir um universo ficcional econômico e direto”, lembra Ariel. “O diálogo de Heléne com a História pareceu-nos o melhor e único método. O uso da tela de cinema (usamos vídeo), foi o modo de propor o contraponto entre cinema e teatro, tecnologia e artesanato cênico, progresso e humanismo, que tanto marcou o universo sócio-político e as artes no século XX.

 

O Espetáculo

Determinadas Pessoas -- Weigel narra a trajetória de Heléne, a partir de sua juventude, durante a República de Weimar (1919-1933), época em que atua ao lado de segmentos da esquerda, como o Teatro Proletário de Erwin Piscator e o Partido Comunista Alemão. É nesse ambiente de criação política e estética que ela encontra aquele que será seu parceiro de toda a vida: Bertold Brecht. Com a chegada de Adolf Hitler ao poder, em 1933, o casal se exila nos EUA, onde Brecht acaba realizando trabalhos para Hollywood. Em 1948, Heléne e Brecht retornam à Europa para se estabelecerem definitivamente na República Democrática Alemã, onde fundam, em 1949, o Berliner Ensemble.

 

“Quando tivemos a idéia de montar e escrever a peça, pensei Heléne como um personagem político de seu tempo”, afirma o diretor. “Desde o início, ficou claro para mim que Heléne teria que contracenar com seu século e que justamente a tela de cinema poderia representar este  conteúdo. Mas nosso verdadeiro objetivo foi construir a pauta de traços psicológicos, , características pessoais, o desenho gestual e vocal da personagem, sua forma de olhar e de refletir, nos diferentes momentos da vida de uma mulher. Essa Helène quotidiana, em grande parte do tempo exausta, mas sempre vital e resistente na luta, preservadora da ternura e da compaixão, e tantas vezes solitária. Seu silêncio é comovente, e quase sempre mal compreendido. A relação com Brecht, incompleta.Depois do primeiro intenso período de paixão, ela deve dividi-lo com as inúmeras amantes. Mas a cumplicidade permanece.”

Sobre como foi construída esta possibilidade, que jamais fez concessões à mentira, Ariel explica: “trabalhei com minha mãe um feminino particular, expressado por Helène, que jamais se confunde com o de uma mulher que não tenha pensado sobre o fato de sê-lo.” E completa dizendo que “de fato, em Helène, tudo isto passou pela auto-observação e pela escolha de seu próprio papel, desde os anos 20 do século passado, quando ela já se escolheu mãe solteira”.

 

“Determinadas Pessoas – WEIGEL”, de Esther Góes e Ariel Borghi 

 

 

No dia 25 de junho, às 21h, na Sala Jardel Filho do Centro Cultural São Paulo, a atriz Esther Góes reestréia o monólogo Determinadas Pessoas -- Weigel.  Escrita por Ariel Borghi e Esther Góes, a peça, indicada pela Revista Bravo como um dos melhores espetáculos de 2 008,  tem como tema a vida e a obra de Heléne Weigel -- atriz, militante política na Alemanha dos anos 20 do século passado, mulher do dramaturgo Bertold Brecht e uma das fundadoras do Berliner Ensemble. O espetáculo conta com participações especiais em vídeo dos atores Renato Borghi, Henrique Schafer, Eucir de Souza, e de Ariel Borghi, este último ao vivo. É a primeira vez que Ariel e Esther atuam juntos.

 

 

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